As mãos da Europa estão sujas de sangue das crianças palestinas
- Da redação
- há 3 dias
- 3 min de leitura
Atualizado: há 3 dias
No dia em Portugal e alguns países comemoram o dia dedicado às crianças, das nossas mãos escorrem sangue de uma guerra sem sentido. Sim, nós, cidadãos do mundo, estamos financiando com nossos impostos – em maior ou menor grau – um dos maiores extermínios de crianças da história da humanidade. A Europa tem muita culpa de meninos e meninas em Gaza estarem morrendo das mais horripilantes formas: queimadas, explodidas, baleadas, de sede, de fome. Será que não aprendemos nada com o Holocausto? Será que devemos ter a consciência tranquila enquanto levamos nossos filhos bem alimentados e bonitos ao parquinho brincar? Eu, particularmente, custo a dormir à menor lembrança desse horror.
O choro de bebês e crianças pequenas ecoam pelas ruas fétidas e arrasadas de Gaza. Não há mais eletricidade, não há mais água, não há mais comida. E a ajuda humanitária é, cirurgicamente, impedida de entrar no território. Não há mais para onde correr sem o risco iminente da morte. Os pequenos guetos de famílias que restaram lutam a cada minuto pela sobrevivência. Crianças morrem de fome ou sede mesmo antes de serem atingidos pela impiedade dos mísseis, dos drones ou de tiros de soldados.
Quantos outros meninos e meninas mortos serão necessários para que a humanidade repense a guerra como solução de conflitos? Quantos mais meninos e meninas precisarão morrer para os países ricos entenderem que a ganância da indústria bélica está levando o mundo ao abismo? “Que nível de horror precisa ser transmitido ao vivo antes que a comunidade internacional se manifeste, use sua influência e tome medidas corajosas e decisivas para pôr fim a essa matança implacável de crianças?”, questiona o diretor regional do Unicef para o Oriente Médio e Norte da África, Edouard Beigbeder, em recente entrevista ao Vatican News.
Desde o fim do cessar-fogo em 18 de março, 1.309 crianças foram mortas e 3.738 ficaram feridas na Faixa de Gaza. No total, mais de 50 mil crianças foram mortas ou feridas desde outubro de 2023. Edouard Beigbeder disse que no espaço de 72 horas do último fim de semana, imagens de dois ataques horríveis fornecem provas do custo inconcebível desta guerra implacável contra as crianças na Faixa de Gaza. “Na semana passada, vimos vídeos dos corpos das crianças queimadas e desmembradas da família al-Najjar sendo retiradas dos escombros de sua casa em Khan Younis,
De 10 irmãos menores de 12 anos, apenas um teria sobrevivido, com ferimentos graves. Alguns momentos depois, imagens de uma criança presa em uma escola em chamas na Cidade de Gaza. Aquele ataque, nas primeiras horas da manhã, matou pelo menos 31 pessoas, incluindo 18 crianças. Essas crianças, agora fazem parte de uma longa e comovente lista de horrores inimagináveis: as graves violações contra crianças, o bloqueio da ajuda, a fome, o constante deslocamento forçado e a destruição de hospitais, sistemas de água, escolas e lares. Substancialmente, a destruição da própria vida na Faixa de Gaza.
Mas é esse o objetivo. Dizimar a população de Gaza para a ganância de governantes transformem aquele território histórico em novos assentamentos e, mais perto do mar, em belos e luxuosos resorts financiados com o sangue do lucro armamentista. Até quando esses governantes vão continuar jorrando o sangue de crianças e mulheres inocentes em Gaza para saciar suas próprias ambições? Mas, como a história é cíclica, esses mesmos senhores da guerra um dia pagarão, seja pela justiça do homem, seja ela justiça divina.
Luis Fernando Assunção é jornalista e professor.

Comments