Pesquisa verificou mutações da desinformação
- Da redação
- 10 de fev.
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Durante três anos, fact-checkers ibéricos que fazem parte do Iberian Digital Media Observatory (IBERIFIER) – um observatório de meios digitais da Espanha e de Portugal financiado pela Comissão Europeia e vinculado à European Digital Media Observatory (EDMO) – realizaram mais de 5 mil fact-checks sobre os mais diversos temas. Ao longo do trabalho, foram registradas as mutações das dinâmicas desinformativas e da própria relação dos atores sociais e do público com os media e com os conteúdos desinformativos, mudanças essas que motivaram alterações nas práticas jornalísticas e de verificação de factos.
O relatório da pesquisa identificou as principais tendências ao nível do fact-checking na Península Ibérica. São listados os principais vetores de mudança nas novas práticas jornalísticas e essas evoluções e desafios são enquadrados no contexto mais amplo da luta contra a desinformação. A desinformação e as notícias falsas tornaram-se mais prevalecentes à medida que a desconfiança em relação aos meios de comunicação social tradicionais aumentou em muitos países. Isso minou a autoridade do jornalismo profissional, que sempre teve a capacidade de determinar o que é ou não é notícia, o que pensar sobre um tópico e como entendê-lo.
Os casos modernos de notícias falsas expuseram certas fragilidades do jornalismo e do seu papel na sociedade. Para identificar esses fenómenos têm sido realizadas investigações sobre as mudanças e os novos desafios que o jornalismo enfrenta, tanto no domínio da Comunicação como noutras Ciências Sociais, incluindo estudos interdisciplinares e multidisciplinares.
Os estudos também se têm centrado nas causas e consequências da disseminação de notícias falsas pelos meios de comunicação social. O trabalho da comunidade de investigação permitiu identificar as características do conteúdo das informações intencionalmente enganosas nas notícias. Estas incluem o enviesamento ideológico/partidário, o uso de emoções negativas que provocam raiva ou medo, títulos longos e sensacionalistas ou o uso de linguagem informal, entre outras coisas. As tácticas utilizadas nas redes sociais são semelhantes.
Com o objetivo de obter uma compreensão abrangente das notícias falsas através da perspetiva dos criadores e dos consumidores, foram identificadas contramedidas eficazes. Estas incluíram o desenvolvimento de um modelo computacional que considera as características dos ambientes de consumo utilizando os princípios das ciências sociais, a compreensão da diversidade dos consumidores de notícias através de modelos mentais e o apoio a um acesso transparente à informação e a acções para melhorar a literacia mediática digital.
Nos últimos anos, a luta contra a desinformação tem provocado duas respostas. A primeira é o reforço do fact-checking e da literacia jornalística. Em segundo lugar, a fim de alargar o foco e as perspetivas da investigação sobre a desinformação, as mensagens falsas têm sido estudadas como objectos digitais. O trabalho demonstrou a necessidade de clarificar a confusão terminológica e estabelecer uma nova agenda para o debate público e académico.
Veja o relatório completo:

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